Povos indígenas e injustiça etnoambiental na formação territorial brasileira

Autores

Palavras-chave:

Territorialidade; Etnoambientalismo; Injustiça; Povos Indígenas.

Resumo

O tema que permeia o presente artigo dialoga com os conceitos de injustiça e racismo ambiental, buscando entrelaçar estas duas noções, além de tecer algumas considerações focalizando a questão indígena brasileira. Para os povos originários, o processo de formação territorial brasileira pós-colonização é considerado injusto do ponto de vista sociocultural e ambiental. Esses territórios foram constituídos com base em ecossistemas endêmicos e equilibrados, numa relação dialética de dar e receber visando à preservação dos mesmos. Entretanto, a destruição ambiental promovida por diferentes setores da sociedade colonialista ao longo do tempo são a representação visível da expropriação territorial dos povos originários. Discutiremos neste artigo a relação entre a colonização e as injustiças etnoambientais até a contemporaneidade que foi marcada por conflitos envolvendo práticas econômicas agrícola-predatórias, projetos desenvolvimentistas e usurpação territorial de comunidades tradicionais.

Biografia do Autor

Marjana Vedovatto, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP)

Mestre em Geografia pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Docente no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP).

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Publicado

2019-07-12