CENÁRIOS EDUCACIONAIS POSSÍVEIS NA FORMAÇÃO DE ENGENHEIROS
UMA REFLEXÃO DESDE O PENSAMENTO DE HANNAH ARENDT
Resumo
Este artigo refere-se a possíveis mudanças pequenas, mas significativas, nos currículos dos cursos de engenharia a partir dos conhecimentos desenvolvidos nas disciplinas específicas, mas numa perspectiva de significados educacionais mais amplos do que as competências profissionais. Tomando como referencial principal a análise de Hannah Arendt sobre a atividade humana que ela classifica como trabalho, produção e ação, e sua diferenciação entre pensar e conhecer, sugere-se que os deslocamentos poderiam partir do conhecimento desenvolvido em perspectiva do trabalho e da produção no âmbito dos objetivos educacionais frequentemente formulados em termos de competências e de um contexto educativo predominantemente funcional ao mercado, e poderia ser objeto de alguma reorientação para uma atividade presencial em sala de aula, desenhada com as características da ação arendtiana. Argumenta-se que com isto ganhamos na qualidade e fertilidade das interações pessoais, no sentido do bem público, e da cidadania, e até numa melhor compreensão da própria disciplina e no reconhecimento do seu conteúdo ético.