Uma ode aos humildes e aos excluídos

Exotopia e humanismo nas letras de Chico Buarque

Autores

Palavras-chave:

Exotopia, Humanismo, Ética

Resumo

Dentre os artistas que se destacaram na música popular brasileira a partir da década de 1960, Chico Buarque tem uma presença duradoura e importantíssima, pois em suas letras é retratada uma parte excluída do povo brasileiro. A atividade exotópica, em Chico, reconhece os tipos sociais mais humildes, que, por vezes, estão à margem da sociedade. Neste reconhecimento, os valores éticos - de solidariedade, de justiça e de humanismo - são amplamente considerados, trazendo uma reflexão acerca das vivências do ser humano, nas relações de alteridade com o meio social. Desta maneira, as letras de Chico Buarque possibilitam o excedente de visão estética, o qual, por sua vez, funda um humanismo constituído na reciprocidade. Dinâmica esta que possibilita o entrelaçamento entre exotopia e humanismo, pensado com auxílio da perspectiva de Mikhail Bakhtin e do Círculo. Considerada política e problematizadora, a lírica buarqueana revela a outra face do povo brasileiro, que, embora carregue o sofrimento, também possui a força e a alegria para suportar as agruras, motivadas pela injustiça social. Neste sentido, aqueles que são vistos como párias, por estarem à margem da ordem social estabelecida, são os personagens centrais de Chico Buarque, de modo que são cantados e valorizados como numa grande "ode", em que prevalecem os valores mais justos e mais plenos de sociedade.

Biografia do Autor

Moisés Carlos de Amorim, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)

Doutorando (atual) e mestre (2014) em Estudos de Cultura Contemporânea, bem como graduação em Letras (2010) na  Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Pesquisador do Grupo Interdisciplinar em Estudo de Linguagem (GIEL/CNPq). Interessado no estudo de literatura e realidade social, mitos no imaginário poético, atividade ética-estética na obra de arte e filosofia da linguagem. 

Referências

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Publicado

2020-02-29