Língua Imaginária e Língua Fluída

Em Defesa do Ensino e Normatização do Crioulo Guineense

Autores

  • Laura Camila dos Santos Santana Universidade Estadual de Feira de Santana, Departamento de Letras e Artes, Feira de Santana, BA, Brasil
  • Palmira Virginia Bahia Heine Alvarez Universidade Estadual de Feira de Santana, Departamento de Letras e Artes, Feira de Santana, BA, Brasil
  • Silvana Silva de Farias Araújo Universidade Estadual de Feira de Santana, Departamento de Letras e Artes, Feira de Santana, BA, Brasil

Palavras-chave:

Contato Linguístico, Análise de Discurso, Formação Ideológica

Resumo

O presente trabalho discorre sobre aspectos da sócio-história do português no continente africano, mais especificamente na Guiné-Bissau e sobre as circunstâncias que favoreceram o surgimento de uma língua crioula neste país. Destaca-se a relação de coexistência de duas línguas, uma legitimada pelo colonizador e a outra nacional que permite a comunicação entre os falantes de várias línguas africanas. Enquanto uma representa a língua de prestígio e de possibilidade de ascensão social, a outra não garante o acesso à educação formal, sendo, dessa forma, estigmatizada. A insistência do ensino formal baseado na língua do colonizador tem feito surgir movimentos em defesa da língua crioula. Esta pesquisa, embasada no referencial teórico-metodológico da Análise do Discurso peuchetiana (AD), concentra-se no discurso do movimento kriolofonia, enunciado pelo sociólogo Spencer Embaló, que enuncia, a partir da posição de defesa do crioulo como a língua de ensino e cultura, as formações discursivas e ideológicas às quais está vinculado, mediante condições de produção específicas. Para tanto, considera-se o texto da entrevista realizada pela rádio Voaportuguês com o organizador da III Semana de kriolofonia. Embora este estudo tenha sido realizado a partir de um viés discursivo, foi necessário, com fins de análise, recorrer a aspectos linguísticos e sociais para fundamentar e ampliar a análise.

Biografia do Autor

Laura Camila dos Santos Santana, Universidade Estadual de Feira de Santana, Departamento de Letras e Artes, Feira de Santana, BA, Brasil

Mestrado em Estudos Linguísticos, Universidade Estadual de Feira de Santana

Palmira Virginia Bahia Heine Alvarez, Universidade Estadual de Feira de Santana, Departamento de Letras e Artes, Feira de Santana, BA, Brasil

Doutorado em Letras e Linguística, Universidade Federal da Bahia

Silvana Silva de Farias Araújo, Universidade Estadual de Feira de Santana, Departamento de Letras e Artes, Feira de Santana, BA, Brasil

Doutorado em Língua e Cultura, Universidade Federal da Bahia

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Publicado

22-08-2017

Como Citar

Santana, L. C. dos S., Alvarez, P. V. B. H., & Araújo, S. S. de F. (2017). Língua Imaginária e Língua Fluída: Em Defesa do Ensino e Normatização do Crioulo Guineense. Revista Letra Magna, 13(21). Recuperado de https://ojs.ifsp.edu.br/index.php/magna/article/view/2271