Língua Imaginária e Língua Fluída
Em Defesa do Ensino e Normatização do Crioulo Guineense
Palavras-chave:
Contato Linguístico, Análise de Discurso, Formação IdeológicaResumo
O presente trabalho discorre sobre aspectos da sócio-história do português no continente africano, mais especificamente na Guiné-Bissau e sobre as circunstâncias que favoreceram o surgimento de uma língua crioula neste país. Destaca-se a relação de coexistência de duas línguas, uma legitimada pelo colonizador e a outra nacional que permite a comunicação entre os falantes de várias línguas africanas. Enquanto uma representa a língua de prestígio e de possibilidade de ascensão social, a outra não garante o acesso à educação formal, sendo, dessa forma, estigmatizada. A insistência do ensino formal baseado na língua do colonizador tem feito surgir movimentos em defesa da língua crioula. Esta pesquisa, embasada no referencial teórico-metodológico da Análise do Discurso peuchetiana (AD), concentra-se no discurso do movimento kriolofonia, enunciado pelo sociólogo Spencer Embaló, que enuncia, a partir da posição de defesa do crioulo como a língua de ensino e cultura, as formações discursivas e ideológicas às quais está vinculado, mediante condições de produção específicas. Para tanto, considera-se o texto da entrevista realizada pela rádio Voaportuguês com o organizador da III Semana de kriolofonia. Embora este estudo tenha sido realizado a partir de um viés discursivo, foi necessário, com fins de análise, recorrer a aspectos linguísticos e sociais para fundamentar e ampliar a análise.
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