ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: MUITO ALÉM DA GRAMÁTICA E DA ESTRUTURA DO TEXTO
Resumo
Tradicionalmente, segmenta-se o ensino de Língua Portuguesa em atividades de “gramática” e de “texto”, sendo que as primeiras são essencialmente descritivas e metalinguísticas, já as segundas pautam-se, sobretudo, por questões “mecânicas” de interpretação, para as quais, basta localizar informações explícitas no texto. Tal constatação não é nova e nos inquieta sobremaneira, visto que os estudos linguísticos demonstram a necessidade de um ensino que desenvolva a competência comunicativa do estudante e não apenas propicie um exercício sobre a nomenclatura gramatical ou a identificação de elementos e informações textuais. Com base no exposto, este relato de experiência discute sobre um “plano de aula” realizado por discentes do Curso Superior de Licenciatura em Letras, de uma instituição pública de ensino para a disciplina de “Leitura e Produção Textual I”. Trata-se, portanto, de um estudo qualitativo, de cunho exploratório, embasado teoricamente nas reflexões linguísticas da Linguística Textual e da Análise do Discurso. Nesse relato, discutimos os resultados desse trabalho, analisando se os estudantes, após discussões teóricas e leitura de estudiosos sobre o assunto, propuseram atividades condizentes às contribuições teóricas desses estudos, isto é, baseadas em gêneros, no uso linguístico, na interpretação e produção textual significativas, e não apenas em exercícios mecânicos. Constatamos uma grande dificuldade desses estudantes para propor atividades condizentes às contribuições teóricas desses estudos. Concluímos, portanto, que a apropriação de um arcabouço teórico não ocorre de forma automática, ao contrário, exige constante reflexão, estudo e tempo para amadurecimento teórico-prático.
Palavras-chave: ensino. língua portuguesa. relato de experiência.
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