“Faltou Luz, Mas Era Dia”

Por uma Abordagem Decolonial da Literatura

Autores

  • Marcus Rodolfo Bringel de Oliveira Analista de Gestão Educacional, Secretaria de Educação, Brasília, DF, Brasil

Palavras-chave:

decolonialidade, literatura, cânone, o Rappa

Resumo

Proponho-me a discutir possibilidades de abordagem da literatura a partir da perspectiva decolonial, a qual postula a revisão e a iconoclastia dos paradigmas de pensamento, os quais engendram os modelos acadêmicos de produção de conhecimento, além de produzir o efeito de dominação gnosiológica sobre as ciências e os saberes. Assim, no sentido do desenvolvimento de uma percepção crítica e de um questionamento da superação do cânone literário, busco questionar conceitos basilares da constituição dessa instituição e o seu papel norteador no currículo escolar. Para isso, apresentei noções gerais sobre o pensamento decolonial, principalmente na perspectiva de Walter Mignolo (2003; 2008; 2021b) e Aníbal Quijano (2010), com foco num enfrentamento da epistemologia ocidental e na desconstrução de valores tradicionais, bem como discutir problemas gerais da literatura no que se refere à manutenção e hegemonia de saberes. Por fim, propus uma leitura, com base nesses pressupostos, da canção “O que sobrou do céu”, do grupo O Rappa, em que abordei conceitos caros à visão decolonial, sugerindo uma chave de leitura que permita encarar novas possibilidades de produção artística como repertório literário, afastando-se do sacramentado pelo cânone literário e propondo visadas outras sobre a instituição “literatura”.

Biografia do Autor

Marcus Rodolfo Bringel de Oliveira, Analista de Gestão Educacional, Secretaria de Educação, Brasília, DF, Brasil

Mestrado em Literatura, Universidade de Brasília

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Publicado

31-03-2023

Como Citar

Oliveira, M. R. B. de. (2023). “Faltou Luz, Mas Era Dia”: Por uma Abordagem Decolonial da Literatura. Revista Letra Magna, 19(33). Recuperado de https://ojs.ifsp.edu.br/index.php/magna/article/view/2175