(De)colonialidade, Memória e Resistência no Conto “Maria” de Conceição Evaristo
Palavras-chave:
decolonialidade, memória, resistência, escrevivênciaResumo
Conceição Evaristo é uma escritora negra que, no âmbito da literatura brasileira, pode ser entendida como um ponto de ruptura e descontinuidade pois sua escrita se atravessar pela experiência pessoal/coletiva da mulher negra em-vivência que amplifica e ecoa vozes de corpos historicamente subalternizados, tanto pelo gênero, pela raça e pela condição social, produzindo, assim uma escrita afetuosa e altamente política. O objetivo do presente trabalho é analisar o conto “Maria” (2016), entendendo que os textos da escritora escancaram as violências históricas do corpo da mulher negra em-vivência mediante o exercício de uma memória afrocentrada e, por esse motivo, podem ser entendidos como um discurso de resistência no contexto da modernidade/colonialidade. Para tal fim, é necessário entender a modernidade arraigada à colonialidade, tal como propõem Enrique Dussel (1993); Walter Mignolo (2007, 2010); Anibal Quijano (2014) e Ochy Curiel (2020). Articulado a esse aporte teórico é imperativo que se discuta, dentro desse contexto, o lugar que a mulher negra ocupa nas relações de poder social no Brasil, tal aspecto será analisado pelas leituras de Lélia Gonzalez (2020). Finalmente, necessário que se teçam reflexões em torno à memória e à resistência a fim de atrelar essas categorias à proposta da escrita de Conceição Evaristo.
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