Poéticas Materialistas nas Artes do Teatro e dos Videogames
Palavras-chave:
teatro épico, teatro do oprimido, poética materialista, videogamesResumo
Bertolt Brecht (1978) acreditava que um teatro orientado aos interesses do povo precisaria representar o mundo como passível de ser modificado pela ação humana; e Augusto Boal (2014, 2019) apostava no potencial da ação dramática como ensaio para a ação revolucionária. Na contemporaneidade, os videogames aparentam ser uma forma de arte promissora para dar continuidade a esses dois projetos: afinal, sua natureza dinâmica e centrada na agência do jogador tanto propicia a representação de um mundo mutável quanto coloca seus jogadores como protagonistas ativos dessa mudança. Nesse contexto, o presente artigo pretende investigar os fundamentos de uma poética materialista para a arte dos videogames a partir da análise das práticas anticapitalistas de três artistas: Bertolt Brecht, Augusto Boal e Paolo Pedercini. Algumas obras de Pedercini, ativista digital responsável pela criação da desenvolvedora Molleindustria, são criticamente analisadas a partir de um diálogo poético-teórico com os preceitos fundantes do Teatro Épico de Brecht e do Teatro do Oprimido de Boal. Os resultados de nossa pesquisa nos permitiram localizar os videogames em uma tradição mais ampla da resistência artística antissistêmica, além de buscar, no passado, inspiração para pensar os possíveis direcionamentos da arte e do ativismo digital.
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