Leituras sobre a (Ex)inclusão Linguística e Educacional do Aluno Surdo na Sala de Aula de Ensino Superior
DOI:
https://doi.org/10.47734/lm.v18i30.2145Palavras-chave:
inclusão linguística e educacional, aluno surdo, educação superior inclusiva, língua brasileira de sinaisResumo
A partir da década de 1990 surgiram leis que trouxeram garantias de direito à educação básica e superior para as pessoas com deficiência ou com necessidades educacionais específicas. Esse processo possibilitou o aumento da entrada desse público na academia. Sobre o aluno surdo, foco desse trabalho, a Lei nº 10436/02 e o decreto 5626/05 respaldaram a luta pelo direito a educação bilíngue e, com isso, valorizaram o uso da Libras em todos os níveis de ensino. Na educação superior tem sido garantido ao estudante surdo sinalizante o intérprete de língua de sinais e o acesso aos conteúdos por intermédio de sua língua. O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão de publicações a partir de uma amostra qualitativa de cunho limitado sobre a inclusão linguística e educacional do aluno surdo no ensino superior brasileiro, a fim de compreender como acontece seu acesso e a permanência no nível de ensino. Concluímos que existem poucas publicações abordando a temática, o que demonstra a necessidade, ainda presente, de um olhar mais atento para este assunto. Diante da análise das publicações selecionadas percebemos que, apesar dos direitos aprovados pelo legislativo, a inclusão ainda não ocorre plenamente na prática. Segundo os trabalhos lidos, somente a presença do tradutor-intérprete na sala de aula não basta para a inclusão do estudante surdo. É preciso, também, que o docente do ensino superior reflita sobre as singularidades linguísticas e culturais do aluno surdo sinalizante ao construir suas práticas ao ministrar suas aulas.
Readings About Linguistic and Educational (Ex-)inclusion of Deaf Students in the University Context
Abstract
As of the 1990s, bills of law have passed to guarantee the right to primary, secondary and tertiary educations for people with specific educational needs. This has allowed for the increase in the numbers of people with NEE to enter the academic world. Specifically, about deaf students, the focus of this paper, Law number 10436/02 and Decree number 5626/05 are results of the struggle for the right of bilingual education, validating the use of Brazilian Sign Language across all teaching-learning levels. In tertiary education, for example, deaf students, speakers of Sign Language, have been ensured the right to an interpreter so as to have access, in their own language, to the content presented in class. We have thus reviewed publications, within the scope of linguistic and educational inclusion of deaf students in Brazilian universities to understand the means by which this access (and the student’s permanence) takes place. We have concluded that there are few works focusing on this theme, which indicates that there is still the need for a closer look at this matter. From the analyses of selected publications, we could notice that, despite the rights acknowledged through the laws, inclusion is still not fully in practice. According to the papers read, having a Sign Language interpreter-translator in the classroom is not enough to guarantee that the deaf student will be included. When planning their teaching strategies and procedures, the lecturer or professor also needs to be able to reflect about the linguistic uniqueness of the deaf student who communicates by Sign Language.
Keywords: educational and linguistic inclusion, deaf student, inclusive tertiary education, Brazilian sign language
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