A Litoralidade do Texto Científico Como Desocidentalização na Narrativa Marialmediana
DOI:
https://doi.org/10.47734/lm.v18i31.2102Palavras-chave:
Maria Inês de Almeida, Gêneros Textuais, Tipologias Textuais, LitoralidadeResumo
Nos últimos anos, surgiram diversos estudos voltados à literatura emergente e coletiva produzida pelos indígenas, dando visibilidade à cultura desses povos para revelá-la por meio da escrita de si livre das amarras opressoras do silenciamento e das exclusivas narrativas eurocêntricas sobre as comunidades autóctones. Nestas obras, vê-se uma despadronização estrutural e linguística desocidentada no que diz respeito à constituição textual não se enquadrar na classificação clássica nem na moderna teoria sobre os gêneros textuais devido ao misto de gêneros e tipologias textuais presentes numa espécie simbiose intitulada de “litoralidade” por Lacan (2003). À guisa de exemplo, Desocidentada: experiência literária em terra indígena de Maria Inês de Almeida rompe com os padrões formais rígidos do texto acadêmico, uma vez que são perceptíveis a fusão supracitada que a torna indefinível no tocante a uma única formação textual. A partir desse pressuposto, este artigo pretende analisar o caráter híbrido tanto da narrativa, quanto da linguagem dessa obra marialmeidiana, expondo uma visão geral e analisando suas intencionais e significativas rupturas com as normas academicistas. Aderiu-se a uma metodologia qualitativa filiada à dedução e à indução interpretativas. A pesquisa foi fundamentada principalmente em Cohen (1966), Benjamin (1987), Proença Filho (2007) e Marcuschi (2008) e motivada pela disciplina de “Estudo do texto narrativo” do PPGL - UFS. Constatou-se que o livro possui uma mescla de linguagem científica e poética, por isso foi considerado como narrativa não ficcional.
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